sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sentimento homoafetivo motivou Macarrão a matar Eliza Samudio, diz advogado

Publicação: 13/01/2012 10:01


O novo advogado de defesa do goleiro Bruno Fernandes, Rui Pimenta, investe na tentativa de fazer com que seu cliente seja julgado separadamente dos outros três réus que irão a júri popular pelo assassinato de Eliza Samudio. A tese do defensor é que o crime tenha sido planejado exclusivamente pelo amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão. A hipótese dele é que Macarrão nutria um amor homoafetivo pelo jogador, sentimento este expresso na pele – uma tatuagem que Macarrão fez nas costas.

“Todo mundo tem tatuagem hoje em dia. Os homens sempre fazem um coração com o nome de alguma mulher. E as mulheres também desenham um coração com o nome de um homem. É uma declaração de amor perpétua. Entre dois homens isso só pode ser feito quando é entre pai e filho. De homem para homem fica meio esquisito. Eu entendo que isso é homossexual”, justifica o advago Rui Pimenta ao sugerir que Macarrão via em Bruno mais que um amigo. A tatuagem foi feita pouco depois do desaparecimento e morte de Samudio. Questionado se Bruno tenha feito qualquer comentário sugerindo que o amigo Macarrão fosse gay, Rui Pimenta diz que não e ressalta que o jogador "é muito comedido".

Tão logo assumiu a defesa do jogador, Rui Pimenta admitiu que Eliza Samudio está morta. Até então, os advogados que o defenderam desde o início de sua prisão, em junho de 2010, de que ninguém podia provar que ela estava morta, pois não havia corpo. A estratégia do novo defensor é provar que Bruno não teve nenhuma participação no planejamento e execução do crime. Para isso, ele vai tentar o desmembramento do processo, fazendo com que Bruno seja julgado separadamente. O defensor espera que até março seja julgado o habeas corpus pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que garantira Bruno aguardar julgamento em liberdade. Esta seria a primeira etapa da estratégia dele para conseguir o desmembramento do processo.

“Eu não quero que meu cliente seja julgado com os demais réus. O crime foi hediondo, traumático, de grande comoção social. A sentença vai ser carregada, com pena alta para todos os réus, em resposta ao que a sociedade espera. Se o Bruno for julgado junto com os outros ele também será condenado. Sozinho ele terá 51% de chance de ser absolvido”, diz Rui.

O advogado destaca que, à época, Bruno recebia R$ 350 mil por mês e que seu passe estava em negociação com um time europeu. “Ele ia se tornar milionário. Jamais jogaria aquilo tudo para o alto por causa de um crime desse”, garante. Rui defende que Macarrão tomou a iniciativa de afastar Eliza da vida dele. “Se o Macarrão tinha esse afeto com Bruno, ele tranquilamente teria decidido fazer isso para agradá-lo. O Bruno nunca quis fazer isso com essa moça, porque é contrário a toda a vida que ele tinha”, diz.

Rui ressalta ainda a brutalidade com que Eliza foi tortura antes de ser morta. “Consta nos autos que o Macarrão quebrou todos os dentes dela. O adolescente contou no depoimento dele que quando Eliza foi entregue aos cuidados do Bola, ela disse que já não aguentava mais apanhar. Foi então que o Bola quebrou o pescoço dela”, relembra o advogado.

Bruno, Macarrão e Sérgio respondem por sequestro e cárcere privado (pena de 1 a 3 anos), homicídio qualificado ( 12 a 30 anos) e ocultação de cadáver (1 a 3 anos). Bola é acusado de homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Os quatro irão a júri popular.

Em liberdade, Fernanda Gomes de Castro responde por sequestro e cárcere privado de Eliza e do bebê. Dayanne, Wemerson Marques de Souza e o caseiro do sítio, Elenilson Vitor da Silva, são acusados de sequestro e cárcere privado do menor.

Relembre o caso

De acordo com o inquérito, Eliza e o bebê, suposto filho do goleiro, foram sequestrados por Luiz Henrique Romão e Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, no Rio de Janeiro, e trazidos para o sítio do atleta, em Esmeraldas, na Grande BH, em 4 de junho. A vítima teria sido mantida em cárcere privado até o dia 10, quando teria sido morta fora dali. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, é apontado como o executor. A criança foi entregue à ex-mulher, Dayanne de Souza.

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